terça-feira, 4 de junho de 2013

Minhas primeiras lembranças de leitura



A leitura faz parte de minha vida de forma tão intensa que não sei o que eu faria se um dia perdesse essa habilidade.

Comecei a ler muito cedo, por volta dos 5 anos, talvez pelo fato de eu ser neta de professora. Aliás, essa é minha primeira lembrança de relação com a literatura, minha avó me contando as histórias mais malucas para eu dormir. Ela tinha o dom de misturar todos os personagens de contos de fadas conhecidos para ver se eu me desinteressava e dormia logo, mas o que ela conseguia era justamente o contrário. Eu ficava fascinada para saber como aquela confusão terminaria, mas ela sempre me vencia e o sono chegava primeiro. Não me lembro do final de uma história sequer inventada pela minha avó.

O primeiro livro que eu fui capaz de ler sozinha também foi dado por ela, e era a Bruxinha Cor de Rosa, que eu tenho guardado até hoje, com muito carinho.

Minha mãe também sempre leu para mim, e foi ela quem me indicou o livro que eu mais amo até hoje - Meu pé de laranja lima, de José Vasconcelos - mas acho que se não fosse o encantamento que minha avó me proporcionou ao inventar suas histórias, minha relação com a literatura seria muito diferente...

Fernanda


Minhas primeiras experiências com leitura

Bem, desde muito pequena sempre fui motivada pelo meu pai e meus irmãos a ouvir histórias e, depois de alfabetizada, iniciei as minhas leituras.
Sou de uma família numerosa, a mais nova de oito irmãos, sendo alguns deles também professores. Desses irmãos, sempre tive muito incentivo à leitura, ganhava muitos livros infantis de presente, o primeiro que ganhei e o que mais me encantou chamava-se Bambi. Lembro-me como se fosse hoje, o livro era muito colorido, com lindas imagens e continha um disco com a narração da história, que eu ouvia e lia com muita atenção para não perder nenhum trecho.Depois desse livro, ganhei muitos outros e o meu gosto pela leitura só aumentava.
Recordo-me também que lia as histórias de Monteiro Lobato que vinham narradas nas embalagens de sabão em pó da marca Omo, eu "devorava" as histórias. Posso afirmar, com muita convicção, que quando somos apresentados e estimulados à magia que a leitura nos oferece, o nosso desejo de ler, ler e ler só tende a crescer.
Fátima

segunda-feira, 3 de junho de 2013

Meu Depoimento

É bárbaro como os pais influenciam a leitura, minha mãe toda noite tinha um livro, uma revista ou pelo menos um "caça-palavra" em mãos e foi com ela que aprendi o gosto pela leitura. Quando criança morei em uma cidade pequena de Minas, minha mãe costumava levar-me a biblioteca municipal da qual emprestavámos livros, quando vim para Campinas, ir a biblioteca não era mais uma opção viável. Fui salva por uma professora amiga de minha mãe que trabalhava em uma escola particular e todo ano renovavam a "biblioteca de sala", logo os livros que seriam descartados eram dados a mim. Amo ler, pena que a rotina desgastante não me permita ler por prazer com mais frequência.

Juliana

Depoimento

Talvez, meu depoimento de leitura e de escrita seja a de que comecei a participar de correções de redações de uma universidade de Campinas por volta dos anos de 1991, com treinamentos através de cursos de aperfeiçoamento e de prática de correções de redações de vestibular.
Num desses treinamentos, foi preciso escrever uma redação, como se fosse um candidato ao vestibular, lembrando-se dos critérios que seriam seguidos para a correção daquele texto típico de concursdos. Aí, eu e o grupo de professores, nessas condições, pudemos sentir na pele a importância do planejamento da escrita de uma redação de vestibular e em pouco tempo para escrevê-la. Sentimos um pouco do que deve sentir um jovem adolescente nessa situação. Ler e avaliar redações dos outros é fácil para um professor de Língua Portuguesa. Saber que será avaliado é outra coisa. Daí a importância de um professor escrever, também ele. Todos somos escritores.
As minhas experiências, na verdade, não foram sistematizadas, foram mais livres. Tive a oportunidade de estudar em escolas que incentivavam atividades extras, como concursos de letras de músicas religiosas e profanas, exercitando a divagação pela poesia, simulando poemas, repetindo ideias de outras fontes temáticas, redigindo avisos, criando jornais, histórias em quadrinhos, ilustrações, pinturas etc. Nessa escola, havia o que chamávamos "Sessão Acadêmica", quando cada classe, num determinado mês, era responsável para apresentações de um  programação com poesias, músicas, teatros, esquetes, mensagens, discursos... ou seja, era necessário um trabalho de pesquisas e havia um clima não de disputa entre as salas, mas a de não fazer feio diante das outras, quando precisava-se planejar, ler muito, buscar ideias, pensar e registrar/escrever as produções, programar cada atividade, preparar, ensaiar, dedicar-se, enfim. Creio que foi nessa experiência que a leitura e a escrita foi se vendo necessária, sem ser forçada. Ainda nesse período, havia o costume de leituras livres, tendo uma biblioteca a disposição para entrar e escolher títulos variados, ao gosto de cada um. Havia uma "santa" disputa por quem lia mais. Os leitores comentavam com os colegas as histórias que liam, em rodas de conversas informais, uma vez que vivia-se em um internato. As experiências eram partilhadas, alem de um costume de todo dia haver um "boa-noite", ocasião em que se ouvia a fala, uma mensagem, um ensinamento para a vida, para o qual, muitas das pessoas que efetivavam esse "boa-noite", antes de ir dormir, traziam fontes de livros religiosos, filosóficos, depoimentos de personalidades, ensinamentos de sociólogos, de políticos, de pesquisadores e até fontes bíblicas para as mensagens que punham foco.
Fora isso, aprendemos a estudar, escrevendo, resumindo, sintetizando os conteúdos de nossas aulas. Havia o hábito de estudo e de leitura diários, tomando, no mínimo seis horas do dia. As atividades desenvolvidas requeriam buscar informações através de pesquisas, de leituras, para construir murais informativos, apresentar sessões artísticas, ou seja, efetivar uma formação humanística.
Daí, creio na pertinência de experiências que levem à leitura pela possibilidade de levar ao conhecimento, à escobertas, à extinção de dúvidas, à reflexão de ideias, ao conhecimento de lugares inimagináveis, à diversão etc, levando à realização e à formação humana, para possibilitar o exercício pleno de cidadania, de sociabilidade, de construção de conhecimentos e de profissionalização.
Admira-me, assim, depoimentos como o de Marilena Chiaui, sobre a importância da leitura como possibilidade de criar mundos e subverter o existente, abrindo para o novo e descobrindo conhecimetos. Aproximo-me da ideia de Contardo Callegaris, definindo a literatura como um catálogo de vidas possíveis e impossíveis, da inventada com liberdade e, ainda, a fala de mestres como Antônio Cândido, expondo a produção literária como satisfação das necessidades do ser humano, como enriquecimento da percepção e da visão do mundo, contribuindo para a humanização e para o aperfeiçoamento individual e social.
Isso tudo corrobora com os simples depoimentos de músicos como Gabriel, o pensador, e de Gilberto Gil, que valorizam a figura familiar da avó, como acompanhantes de um processo de estudos, de ouvir histórias, de auxílio no letramento, e a de Clair Feliz Regina, afirmando sobre a poesia que "tudo o que você quer cabe dentro de uma poesia", porque acredito que tudo o que se queira cabe na vida, e é só vivê-la intensamente. É preciso ler a vida, ler o mundo, ler o outro, ler a si mesmo. Valorizando as letras, descobre-se autor e leitor da vida como um todo.

José Benedito